Thiago Fadini Secretaria de Esporte e Qualidade de Vida Para grande parte dos cidadãos, a Copa do Mundo FIFA é um período de apreciar a arte, festejar e torcer pela seleção em dias de jogos do Brasil. Já para uma parcela menor, é principalmente um momento de estudar e aprender. É o caso das equipes de futebol de campo do programa Atleta Cidadão, mantido pela Prefeitura de São José dos Campos. Mesmo com a maior competição de futebol do planeta acontecendo, eles continuam a rotina normal de treinos. Quase todos os elencos disputam divisões do Campeonato Paulista, tanto no masculino quanto no feminino. No entanto, em dias de jogos da seleção canarinho os jogadores são liberados para vibrar e analisar os escolhidos por Tite. E é exatamente o que os jovens talentos fazem, buscando inspiração para reproduzirem grandes lances em campo. Luiz Felipe Galdino, 18 anos, é meio-campista titular da equipe sub-19 e vem se destacando como uma das ‘engrenagens’ do time, segundo a coordenação técnica do programa. Ainda de acordo com os coordenadores, a ‘safra’ dos nascidos entre 1999 e 2000 do futebol de campo masculino já rendeu cinco períodos de testes individuais dos formados em grandes times de São Paulo. Se inspirando em Neymar, camisa 10 do Brasil, Luiz Felipe destaca a habilidade e a força psicológica. “Quando cai a pressão em cima dele, ele não sai do jogo, não some, sempre está procurando a ajudar a equipe”, afirmou. E o jogador se arriscou ainda num palpite para o duelo entre Brasil e Sérvia pela última rodada da primeira fase do Grupo E, nesta quarta-feira (27). A seleção canarinho depende de si mesma para ir as oitavas de final. “2 a 0 pro Brasil de novo. Aquele ‘sufoquinho’ no primeiro tempo e depois vão sair dois gols”. Já Matheus Vinícius Carvalho, 12 anos, foi além e citou outros astros do futebol mundial, além de uma dupla meio de campo que aparece menos à luz dos holofotes da seleção brasileira. “Me inspiro bastante no Mbappé, da França, no Cristiano Ronaldo (Portugal), no Messi (Argetina), no Neymar. Mas da minha posição eu gosto bastante do Paulinho, do Renato Augusto”, contou Matheus, que também e meio-campista. E o pai ‘coruja’, que acompanha Matheus Vinícius nos treinos e nos jogos, explica o gosto do filho pelos atletas mais discretos dentro do badalado grupo brasileiro. “O Paulinho e o Renato Augusto são jogadores quietos. Aí ele fala que são parecidos com ele, porque ele não é de falar muito”, afirmou Dilson Misael Carvalho, 45 anos. Amadurecimento A dupla de atletas joseenses integra o Atleta Cidadão há três anos. Luiz Felipe jogava em um time de bairro do Parque Interlagos, na região sul. Matheus Vinicius treinava numa escolinha particular em Altos de Santana, na zona norte. Ambos participaram de seletivas gratuitas para chegar às categorias de base mantidas pela Administração. Hoje, recebem apoio estrutural para representarem a cidade em competições estaduais e nacionais. Atualmente, também são monitorados por grandes clubes do estado de São Paulo. Contudo, para se manterem no time e chegarem ao alto nível, os dois precisaram se esforçar, tanto com as chuteiras quanto com o caderno e lápis. Matheus conta que desde que começou a treinar com o time passou a ficar “mais quieto na sala de aula” e acrescentou dizendo que hoje respeita mais os professores. “Mantive e aumentou (a nota geral do boletim). Tem vezes que abaixa um pouco, mas já tem que correr atrás pra melhorar no próximo bimestre”, disse Matheus Vinicius. O pai do meia de 12 anos, Dilson Misael, confirma que o garoto evoluiu muito no comportamento e elogiou o trabalho do Atleta Cidadão. “A disciplina na escola melhorou bastante. O que eles aprendem no campo eles levam pra escola também. Não podem fazer bagunça. De uns três anos para cá ele melhorou muito”, afirmou. Com Luiz Felipe, não foi diferente. Além de melhorar o próprio jogo em fundamentos como passe, cabeceio e no chute com a perna esquerda, que segundo ele “servia só para subir no ônibus”, o atleta elencou o temperamento como uma das coisas que ele foi naturalmente moldando com o trabalho em equipe no time sub-19. “Me ajudou a ser uma melhor pessoa. Antigamente eu me estressava muito, aí conforme fui convivendo aqui, fui me soltando com os moleques, a ‘resenha’, brincando, fui me ‘desestressando’ e estou feliz”, falou Luiz Felipe Galdino. Sonho de criança Como grande parte dos meninos brasileiros, Luiz Felipe e Matheus Vinícius sonham em seguir com a carreira no futebol profissional. Para o mais velho, os Jogos Regionais de Ilhabela e São Sebastião, que acontecerão na segunda quinzena de julho e terão participação da delegação de São José dos Campos, poderão abrir portas para o futuro. “Sempre tem time grande observando”, comentou. Seguindo a orientação que recebeu dos treinadores do programa Atleta Cidadão, Matheus Vinícius de Carvalho dá muita atenção aos conselhos dos mais velhos e opinou sobre qual o caminho para o sucesso no futebol. “Fui fazer avaliação no Santos, consegui tirar foto com os jogadores e eles falaram que a melhor coisa é se dedicar bastante, prestar atenção no professor e não prestar atenção na arquibancada”, recordou. Independentemente do êxito dentro das quatro linhas, os integrantes do Atleta Cidadão já pensam numa profissão caso pendurem as chuteiras: ser professor de educação física. O porquê? A paixão pelo esporte. “Para ficar sempre perto dos esportes”, justificou Luiz Felipe. “Porque eu gosto de tudo relacionado a esporte, gosto muito”, explicou Matheus Vinícius. |