NOME: Benedita Vicentina Miragaia
MODALIDADE: Voleibol e Basquetebol.
NASCIMENTO: 05/08/1927.
LOCAL: São José dos Campos
FILIAÇÃO: Benedito Ferreira Candelária e Ismênia Miragaia
ATIVIDADES: Jogadora de vôlei e basquetebol; mais tarde atuou na área da educação sendo diretora do Instituto Educacional João Cursino.
CLUBES: AESJ, Tênis Clube São José dos Campos, Clube de Regatas Tietê (SP) e Clube Atlético Santista (Santos).
CONQUISTAS: Campeã do Troféu Bandeirante (1949); campeã dos Jogos de Cambuquira (MG); convocada para a Seleção Brasileira que disputou o campeonato sul-americano em Lima/Peru (1950), conquistando o quarto lugar.
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Benedita Vicentina Miragaia, a Jaú, foi destaque desde que o professor Edesio Del Santoro passou a trabalhar com o basquetebol, sendo o precursor da modalidade na antiga escola "João Cursino", que funcionava na Praça Afonso Pena em São José dos Campos. Antes já se dedicava ao vôlei com o técnico Linneu de Moura. Participou dos Jogos Abertos em Taubaté (1944) jogando vôlei. Gostava de praticar os dois esportes. Jaú nasceu no dia 5 de agosto de 1927, uma sexta-feira. E gosta de explicar como recebeu o apelido desde recém-nascida.
Em 1926, João Ribeiro de Barros iniciou o projeto que o tornaria famoso: realizar um "reide" (como eram conhecidas na época as travessias aéreas transatlânticas) a partir da Itália a bordo de um hidroavião. E chegar ao Brasil sem utilizar navios de apoio ao longo da viagem. Pensava que as aeronaves seriam inúteis enquanto dependessem de navios. Seu desejo era que o avião atuasse de forma totalmente independente. No ano seguinte, com 27 anos de idade, concretizou a travessia aérea do Atlântico Sul - a primeira da história sem escalas. Com ele os tripulantes: Arthur Cunha (na primeira fase da travessia) e depois João Negrão (copilotos), Newton Braga (navegador), e Vasco Cinquini (mecânico).
O aparelho, que saiu da fábrica com o nome original de Alcione, foi rebatizado por seu novo proprietário com o nome Jahú (de acordo com a ortografia da época) nome dado em homenagem à sua cidade natal, atual Jaú. Era um vôo muito aguardado, inédito, e chegou ao continente (antes havia pousado em Fernando de Noronha) no dia em que nascia em São José dos Campos a menina Benedita Vicentina Miragaia, pelas mãos do Dr. Rui Rodrigues Dória. Foi o médico que, logo após o parto, passou a mão na cabecinha do bebê dizendo: chegou a Jauzinha!!! O apelido pegou. Assim ela passou a ser conhecida quando se tornou jogadora de basquete e mesmo quando profissional, na área da educação.
Ela conta que seu nascimento também foi cercado de expectativa e motivo de alegria na família. O Dr. Rui Rodrigues Dória, tradicional médico da cidade e íntimo da família, que assistiu ao seu parto, se fazia acompanhar do amigo Olivo Gomes. Não faltou o champagne: era tradição lavar a cabeça do recém-nascido com a bebida para garantir a felicidade. Olivo Gomes até prometeu para o pai, Benedito Candelária, um casamento para a Jaúzinha: seu filho Severo, então com dois anos, futuramente poderia desposá-la. Quis o destino que, na realidade os dois fossem namorados, mas o casamento não se concretizou.
O amor de Jaú Miragaia estava nas quadras de basquete, esporte que ela adotou de corpo e alma, tanto que chegou à Seleção Brasileira. Cláudio, jogador de basquete, tricampeão dos Jogos Abertos com a camisa de Taubaté, foi trazido para São José dos Campos por Edesio Del Santoro e se integrou à equipe joseense. Os dois se conheceram e o casamento aconteceu no dia 24 de Maio de 1952. Ela parou de jogar e foi se dedicar unicamente ao trabalho profissional, com muita competência: professora de Pedagogia, Orientadora Educacional e Diretora do Instituto Educacional João Cursino (nesta escola permaneceu como diretora até 1973). A aposentadoria chegou em 1975.
A mudança do vôlei para o basquete aconteceu sem traumas. Linneu não se importou de Jaú ter sido levada para o basquetebol. O time de basquete feminino de São José dos Campos foi vice-campeão em sua categoria nos Jogos Abertos do Interior, realizado em Santos, nos anos de 1946 e 1948.
A primeira camisa do basquete feminino era da Escola Normal João Cursino - os treinos aconteciam na AESJ, numa quadra descoberta, no Largo da Matriz. Depois o Tênis Clube abraçou a causa do basquete e foi feita uma campanha para angariar fundos e construir uma nova quadra: terreno doado por Vicente de Barros (sobrinho de Adhemar de Barros), colaboração do CTA através do Cel. Eurico, do Cel. Leal e dos engenheiros Marcos e Prado, cedendo as máquinas para realizar a obra. Foi assim que o basquete feminino ganhou espaço e conquistou a torcida joseense.
Jaú sempre se destacando nas quadras por sua competência e aplicação, merecendo em 1950 a convocação para integrar a Seleção Brasileira de Basquete, para disputar o 13º Campeonato Sul-Americano Adulto Feminino, realizado em Lima, no Peru. Quase que ela não viajou por causa da família que não queria uma jovem de 21 anos de idade tão distante de casa. Estava abrindo mão da convocação em favor da colega Ruth, do CR Tietê. Uma joseense na Seleção Brasileira - até Pedro Popini Mascarenhas e Elmano Veloso, que foram prefeitos da cidade na época, intercederam: ela tem que vestir a camisa do Brasil. Saiu nova convocação e ela atendeu o que causou revolta de sua amiga Ruth - ficaram sem conversar algum tempo.
Neste Sul-Americano o Brasil conquistou a quarta colocação. A colega Cynira também foi convocada para os treinos. Na ocasião, o Chile garantiu o ouro, Argentina a prata e Peru o anfitrião, ficou com a medalha de bronze. Entre as "estrelas" da Seleção treinada por Felício Leonetti, estavam: Vanda Bezerra (Santos), Zilda (Pinheiros), Ferrari, Iracema, Maria e Sofia, que era esposa do técnico. Na vida familiar, Jaú teve seis filhos, mas um faleceu recém-nascido. Fizeram a alegria do lar: Cláudio Henrique, André Miragaia, Malu, Vânia e Mara. São 10 netos, sendo que o mais velho é o Dr. Bruno Miragaia, médico no Rio de Janeiro. E ela já tem uma bisneta: Luna Cristina, filha de Bruna Regina.
Faleceu em 29 de maio de 2021.
Pesquisa e Redação: Alberto Simões/MESJC
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